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Entrevista com a Ministra de Minas e Energia da Colômbia, Irene Vélez Torres

AN EXCLUSIVE INTERVIEW WITH:

Qual é o plano atual do governo em relação à Transição Energética Justa e quais são as principais etapas a serem tomadas nos próximos 4 anos de governo?

Um dos nossos compromissos como governo é superar gradualmente a dependência dos mercados baseados em carvão e hidrocarbonetos por meio de uma transição energética justa. Em países como a Colômbia, cujas economias dependem em grande parte da exportação de recursos fósseis, além de focar nas mudanças nas tecnologias de geração de energia para que nossa matriz energética nacional seja cada vez mais limpa, também se trata de promover outras economias nos níveis nacional e local. Como vimos recentemente no Fórum Econômico Mundial em Davos, os compromissos sobre metas climáticas não mudaram, mas foram ratificados. A redução dos investimentos em carvão e hidrocarbonetos é uma realidade devido às metas globais de descarbonização. O desafio, então, é garantir que a transição na geração e no consumo de energia transcenda para outras transições sociais, ecológicas e produtivas.

O Ministério estabeleceu um caminho para promover o diálogo com os cidadãos, no qual concordaremos com as metas, os recursos necessários, os facilitadores regulatórios e o cronograma para alcançar essas mudanças que o país exige, tanto para os compromissos ambientais quanto para a matriz econômica que devemos substituir.

Este é um diálogo de seis meses, do qual já estamos há dois meses. A ideia é que, ao final dos seis meses, tenhamos mais clareza sobre os cenários em que o país se encontra. Isso é importante porque uma transição energética justa e bem feita, além de técnica, é planejada e construída de forma concertada. Conhecendo experiências internacionais, sabemos que as transições de energia que funcionam bem são aquelas que emergem de um consenso social e político. É isso que estamos desenvolvendo no momento.

Qual é a visão específica do Ministério para o desenvolvimento verde em todo o país?

Nos encontramos em um contexto global que exige ações concretas para a vida e para o planeta. Esse processo de planejamento que estamos realizando nos permitirá estabelecer trajetórias de implementação realistas e ajustadas ao contexto colombiano. Buscamos a substituição gradual de fontes de energia fóssil (carvão, petróleo e gás) por fontes de energia renováveis, como solar, eólica, bioenergia, geotérmica, hídrica e a produção de outras fontes de energia, como hidrogênio verde e biocombustíveis avançados. Como dissemos, é uma questão de transformar nosso potencial de energia limpa em uma nova riqueza para que a Colômbia possa se adaptar em tempo hábil à economia global descarbonizada e, por meio da reindustrialização, se tornar uma potência mundial vitalícia.

Qual é o status atual do Roteiro do Hidrogênio e onde está o país atualmente em termos de programas piloto e projetos futuros?

O processo de construção do Roteiro para uma transição energética justa na Colômbia inclui o desenvolvimento da economia do hidrogênio como apoio para contribuir para a estabilização da nova matriz energética com fontes renováveis variáveis, para a descarbonização de vários setores industriais e para a produção de insumos e produtos químicos “verdes”.

O governo nacional identificou a amônia verde como uma oportunidade importante para a implantação da economia de hidrogênio na Colômbia. A ideia é conseguir um vínculo com a produção de fertilizantes que contribuam para a segurança alimentar e melhorar a produtividade no setor agrícola do país. Nesse sentido, estamos trabalhando para cumprir o Roteiro do Hidrogênio, o que nos permitiria atingir as metas estabelecidas para 2030.

Em termos de regulamentação e legislação sobre hidrogênio, a Colômbia tem uma estrutura legal que facilita o desenvolvimento de projetos e incentiva o investimento local e estrangeiro. Além disso, um projeto de decreto está em andamento para promover a implementação tecnológica de iniciativas de captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS) no setor de mineração e energia.

Também estão sendo feitos progressos no desenvolvimento de um instrumento regulatório chamado “sandbox”, que permitirá aos empreendedores explorar modelos de negócios inovadores nesse tipo de indústria regulamentada. Com o Icontec, está em andamento a primeira fase do projeto nacional de padronização no setor de hidrogênio, que visa adotar 29 padrões técnicos internacionais para produção, transporte, armazenamento, distribuição por meio de estações de reabastecimento e uso em veículos. Este projeto envolve os diferentes atores da cadeia de valor do hidrogênio, que já possuem associações representativas.

Recentemente, o Ministério do Comércio, Indústria e Turismo, o Ministério de Minas e Energia, a Ecopetrol, o Grupo de Energía de Bogotá e a Promigas assinaram um Memorando de Entendimento (MoU) onde, entre outros compromissos, concordaram em trabalhar juntos para fortalecer o intercâmbio científico, mitigar as barreiras técnicas relacionadas à transição energética ambiciosa e ordenada e promover ações internacionais com parceiros estratégicos, com o objetivo de impulsionar a reindustrialização com base em energias renováveis e o desenvolvimento do setor de hidrogênio “verde”. Nesse desenvolvimento, vemos a Ecopetrol como um ator importante que, como empresa estatal, será capaz de ser pioneira nesses desenvolvimentos na Colômbia e internacionalmente.

Esse esforço exigirá a busca por outros países comprometidos com a transferência de tecnologia e conhecimento, bem como investidores focados no desenvolvimento de uma indústria sustentável e interessados no financiamento de longo prazo dos processos de transição energética.

O que é o Roteiro Eólico Offshore para a Colômbia e quais benefícios ele espera trazer para o país?

A energia eólica offshore é uma tecnologia nova no país, para a qual temos um potencial estimado de 50GW, que é quase três vezes a capacidade instalada atual. Nesse sentido, essa tecnologia abre uma grande oportunidade para diversificar a matriz de geração com um recurso renovável que é mais estável do que o recurso terrestre. Além disso, vemos que com esse potencial podemos nos tornar grandes geradores de energia verde para a América Latina e todo o continente.

O Ministério de Minas e Energia e a Autoridade Marítima Colombiana (DIMAR) emitiram uma resolução para estabelecer o marco regulatório que permita às partes interessadas realizar estudos de viabilidade dos projetos e, eventualmente, avançar em sua construção e operação para ter essa nova tecnologia a longo prazo.

O objetivo desse portfólio é que, no futuro, a Colômbia tenha um mercado de energia eólica offshore desenvolvido e atraente, que atrairá novos investidores e, assim, incentivará a concorrência e a eficiência no setor elétrico. Além disso, o objetivo é que esses investidores façam parcerias com empresas locais para desenvolver capacidade em nível nacional e que a indústria eólica offshore ajude a alavancar uma maior oferta de oportunidades para pessoas nas áreas costeiras.

No curto prazo, o que se segue é a execução do primeiro processo de alocação de licenças de ocupação temporária para projetos de energia eólica offshore, que serão anunciados e publicados pelo Ministério oportunamente para o conhecimento de todas as partes interessadas.

Quais são os projetos solares e eólicos mais notáveis na Colômbia e quais empresas estão envolvidas neles?

Projetos de geração a partir de fontes de energia renováveis não convencionais abrangem diferentes escalas. Definimos “projetos notáveis” como aqueles maiores que 20 MW que fazem parte do despacho centralizado do mercado de eletricidade. Nesse sentido, o projeto El Paso de 70 MW da Enel está atualmente em testes, e o projeto La Loma de 150 MW da Enel está quase concluído.

No médio e longo prazo, existem mais de 100 projetos não convencionais de geração de energia renovável com capacidade de mais de 20 MW e com um conceito de conexão aprovado pela UPME. Mais de 20 desses projetos terão uma capacidade instalada de mais de 200MW.Destacamos os 5 principais:

  • Parque solar Sahagún, 400 MW;
  • Parque solar de Guayepo (fases 1 e 2), 400 MW;
  • Parque solar Chinú, 350 MW;
  • Parque eólico Beta, 280 MW; e
  • Parque solar Turpiales, 278 MW.

Entre as empresas com maior capacidade a ser instalada, destacam-se: Enel Green Power, Celsia, EDPR e AES. Deve-se ter em mente que os nomes dos promotores registrados na UPME não necessariamente coincidem com as empresas que finalmente desenvolvem os projetos; portanto, a lista de empresas com maior capacidade a ser instalada e projetos maiores que 20MW pode apresentar variações.

Quais planos o governo nacional tem para continuar eletrificando áreas não interconectadas em todo o país?

A eletrificação de áreas não interconectadas é uma das principais tarefas do governo, como um dos pilares da transição energética justa. Estima-se que alcançar a cobertura universal na Colômbia custe mais de 12 bilhões de pesos (USD $2,5 bilhões). Diante de tal desafio, não podemos depender exclusivamente de recursos públicos, muito menos daqueles que temos no orçamento nacional. A estratégia de cobertura é abrangente, envolvendo diferentes atores, entidades e organizações.

Nesse sentido, continuaremos a fazer uso dos recursos do fundo FAZNI, destinados a esse fim, e recursos específicos serão alocados do Orçamento Geral da Nação, apoiaremos os processos de estruturação de projetos do Sistema Geral de Royalties e continuaremos buscando apoio da cooperação internacional. Buscamos o desenvolvimento de projetos de cobertura que não apenas levem eletricidade aos territórios pela primeira vez, mas, ao mesmo tempo, promovam o desenvolvimento de projetos produtivos que alavanquem o desenvolvimento territorial.

Além disso, estamos promovendo a canalização de recursos por meio do mecanismo de obras tributárias e estamos trabalhando na estruturação de uma estratégia de leilão que nos permitirá estender a cobertura de eletricidade a áreas isoladas do país por meio de investimentos privados. Tudo isso, sempre trabalhando com e para a comunidade.

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